Centro de São Paulo abriga estúdio de gravação vencedor de vários “Grammy’s”

Em 1960 surgia em São Paulo os Estúdios Gravodisc, localizado na Rua General Osório, 707, Santa Ifigênia, Centro de São Paulo, criado por três pessoas, Antenor, João Callas e Carlos Moura. Foi construído com uma área grande para dar suporte à uma empresa de publicidade, com a finalidade de gravar orquestras com muitos elementos, pois na época os números de canais eram reduzidos e os arranjos musicais eram feitos com grandes formações instrumentais, devido a necessidade de fazer o registro sem a realização de Play Back’s.

Elcio-Alvarez-e-Aquilo-Simoes-Filho—Gravodisc

O estúdio, possuía uma mesa valvulada de 16 canais, construída por Moura, o que restringia, inclusive, o número de microfones para captação dos instrumentos, levando assim a realizar gravações com bastante microfones de ambiente (over all). Uma vez realizada a gravação e aprovada pelo cliente, o estúdio possuía uma máquina de corte de acetato, onde eram registrados todos os comerciais aprovados para serem enviados as fontes de divulgação (rádio) que inclusive eram feitas em sistema monoral.

Almir-Sater

De forma intercalada, o espaço era alugado para gravadoras musicais e clientes independentes, gravadoras e clientes esses que deixaram a realização de muitos sucessos na década de 60 (como registrado no site), exatamente até 1972, onde a Gravadora Continental e Chantecler compraram os estúdios. Com a compra da Gravadora Continental começou uma nova era, onde começaram a ser realizadas obras de modernização, melhorando as condições acústicas do estúdio com a finalidade de poder isolar mais os instrumentos na hora da gravação e com atualização de mesas e periféricos para gravação.

Angela-Maria

A grande diferença que o Gravodisc possui devido a sua história é a preservação de vários equipamentos que foram utilizados desde a sua construção. Junto com a gravadora, o estúdio ganhou um Piano Steinway & Son, 1926, de Hamburgo, cauda inteira, se tornando o único estúdio a ter um piano dessa grandeza. Proporcionando condições de artistas como Eudóxia de Barros, Arthur Moreira Lima, João Carlos Martins, entre outros, fazerem as suas gravações em estúdio e não em teatros.

Zezé-di-Camargo-Luciano

Seguindo a história do estúdio, em 1988 já em uma nova gerência, foi realizado uma nova reforma nos estúdios, aumentando para duas salas de gravação, condição essa que estamos até hoje, sem alterar sua acústica.

Adryana Ribeiro

Em 1995, toda as coligadas da Continental, como a Chantecler, Phonodisc e Editora Latino foram compradas pela Warner Music, gravadora essa que não adquire ativos, ficando assim o Gravodisc como propriedade do antigo dono da Continental, Alberto Jackson Byington Neto. Três anos após essa transação (1998), o estúdio sentiu a necessidade de investir para poder se manter no mercado fonográfico, uma vez que a concorrência estava investindo de forma acentuada, sendo assim, três funcionários se reuniram para propor a compra do Gravodisc de uma forma que fosse possível a realização da mesma.

Sambista Branca de Neve

Uma vez acertado todos os detalhes, a compra foi efetuada passando assim os estúdios Gravodisc terem como proprietários: Elcio Alvarez Pintan Filho, que era gerente, Aquilino Simões Filho, que era técnico de áudio e Cristiane Feris, que era gerente administrativo, inicia – se assim a fase que perdura até hoje. Entre os equipamentos que foram adquiridos durante todo esse tempo, podemos citar o Console Angela Mack I, Angela Mack II e DDA, entre vários tipos de microfones e periféricos.

Adoniran-Barbosa

Em 2009 o estúdio realizou a grande ousadia de comprar uma Mesa SSL Duality Delta para poder realizar todos os trabalhos de gravação e mixagem. A mesa tem grandes recursos, tanto analógicos como digitais, podendo ser realizados trabalhos nesses dois formatos. Desde 1960 já são mais de 700 artistas gravados, quase 400 mil horas gravadas e mais de 2.200 mil projetos que contribuem para o reconhecimento do Gravodisc como um dos melhores estúdios do Brasil.

Maurício Coutinho / jornalista / produtor cultural