Coreto da Praça da República tem restauração finalizada

Em processo de revitalização do Centro de São Paulo, a Prefeitura do município finalizou a restauração do Coreto localizado no coração da Praça da República, obra capitaneada pelas empresas Companhia de Restauro, CO21 e Vitória Régia Eireli, estimada mais precisamente em R$ 235.748,37.

Coreto da Praça da República

Devido a pandemia, segundo a Prefeitura, ainda não há data da reinauguração e abertura ao público, porém já iniciaram os estudos sobre as possibilidades de utilização do espaço e da própria segurança, para que não se deteriore e degrade em pouco tempo, como há tempos atrás, em outra restauração realizada em 2007.

Saiba mais sobre a Praça da República

Conhecida antigamente como Largo dos Curros, era ali que os paulistanos do século XIX assistiam a rodeios e touradas. Nessa época, como era uma área desvalorizada e afastada da região central, a cidade mantinha no local um hospício e um hospital para portadores de varíola. Posteriormente, foi chamada de Largo da Palha, Praça das Milícias e Largo 7 de Abril. Com a Proclamação da República, em 1889, a praça passou a se chamar 15 de Novembro e, finalmente, Praça da República.

Foto de 2018 do coreto da Praça da República

A praça ganhou importância com a construção do Viaduto do Chá, que tinha o objetivo de fazer um elo entre o chamado “centro velho” e o “centro novo” e permitiu à área ser devidamente urbanizada. Em 1894, foi escolhida como o endereço da Escola Normal Caetano de Campos, edifício planejado por Antônio Francisco de Paula Sousa e Ramos Azevedo, que atualmente é a sede da Secretaria Estadual da Educação. Logo no começo do século XX, veio a primeira reforma, que, inspirada em praças europeias, trouxe as pontes e lagos, deixando o lugar mais parecido com sua forma atual.

A praça foi palco de manifestações importantes da história nacional notadamente com a eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932, no dia 23 de maio, ao manifestarem-se os paulistas contra a ditadura Vargas, frente à sede do partido governista (era o Partido Popular Paulista, ex-Legião Revolucionária, fundado pelos asseclas da ditadura), na Rua Barão de Itapetininga, esquina da Praça da República. Foram recebidos à bala, morrendo os estudantes Euclides Bueno MiragaiaMário Martins de AlmeidaDráusio Marcondes de Souza, e Antônio Américo Camargo de Andrade, os mártires do movimento em prol da Constituição.

Defronte dos seus limites, manteve, na década de 1920, o Cine República, inaugurado em 1921 para ser a sala de cinema da aristocracia paulistana. O terreno onde ficava o “República” tornou-se, mais tarde, um grande estacionamento.

Desde fins dos anos 1960, a praça passou a ser um ponto de encontro de hippies que constituíram no local, de forma espontânea, a conhecida feira de artesanatos. Aos poucos, a feira transformou-se em grande atração, seja para turistas, seja para paulistanos. Entre 2005 e 2006, o prefeito José Serra (PSDB) tentou encerrar a feira, porém, o evento persiste até os dias atuais como destino obrigatório para os que visitam São Paulo.

Abriga o Edifício Esther, o Edifício São Tomás, com requintados apartamentos de quatrocentos metros quadrados, o Edifício Eiffel, projetado por Oscar Niemeyer, e o Edifício São Luiz, projetado no estilo neoclássico francês, pelo arquiteto francês Jacques Pilon, em 1944, com abrigo antiaéreo utilizado posteriormente como garagem.

Por abrigar a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, sediada no belíssimo edifício Caetano de Campos, desde os anos 90, a Praça tornou-se ponto de manifestações, de estudantes e profissionais da educação, contra a precarização da educação pública na rede estadual de ensino.

O lugar é uma opção de lazer por si só. É uma das únicas áreas verdes do centro de São Paulo, o que, junto com pontes e chafarizes, torna a praça uma ótima área de convivência e descanso. Pela proximidade com o Largo do Arouche, o ponto também é conhecido por ser uma região gay, e desde 2012 abriga o Museu da Diversidade Sexual, que recebe todos os anos milhares de visitantes que buscam conhecer o patrimônio cultural da comunidade LGBT.

Juntamente com a rua Augusta, a República é cheia de bares e restaurantes que dão gás à vida noturna do centro. De dia, diversos artesãos vendem suas artes espalhados pela praça, mas é aos domingos que acontece a feirinha da Praça da República, com mais de seiscentas barracas vendendo suas artes e artesanatos oriundos como roupas, objetos de decoração, brinquedos, bijuterias, incluindo também comidas típicas de cada região e de várias localidades do país, principalmente dos estados do Norte e Nordeste, e também de países vizinhos, como o Peru.

A feira teve sua primeira edição em novembro de 1956, quando o filatelista J. L. Barros Pimentel iniciou no local uma feira de selos. Posteriormente, tornou-se um ponto de comércio tradicional dos hippies. Além das opções de arte, os frequentadores também contam com muitas opções de alimentação nos dias de Feira.
Maurício Coutinho / jornalista / produtor cultural