Exposição de Jean-Michel Basquiat no CCBB de São Paulo bate recorde

Artista vem batendo recordes históricos em leilões e sua obra é muito disputada nas feiras.

obra do americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988) não para de reverberar: com inúmeros produtos à venda por aí com sua iconografia (pratos, sandálias, cinzeiros, camisetas, óculos, skates), o trabalho do enfant terrible do pop segue também batendo recordes no mercado das artes. Em maio, uma de suas telas chegou à casa dos US$ 100 milhões em um leilão da Sotheby’s (uma obra sem título, de 1982, vendida ao bilionário japonês Yusaku Maezawa).

Foi a primeira obra feita a partir dos anos 80 a alcançar tal valor e a sexta mais cara leiloada em toda a história – estima-se que o preço de um Basquiat aumentou mais de dez vezes nos últimos 15 anos. Na última edição da Miami Art Basel, no mês passado, um simples desenho do artista gerou uma acirrada negociação entre Leonardo Di Caprio e a galeria Van de Weghe, que terminou com o astro desembolsando US$ 850 mil.

Atualmente, Basquiat é tema de uma elogiada exposição no Barbican Centre de Londres e já tem mostras programadas em Frankfurt e Paris para este ano. O Brasil também entrou nessa rota: no dia 25 deste mês, o americano ganha uma retrospectiva no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, com mais de 80 trabalhos, que segue depois para Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Sem Título (Penas e Alcatrão Amarelo), de 1982 (Foto: © Edo Bertoglio, Cortesia De Maripol, © The Estate Of Jean-Michel Basquiat/ Licenciado Por Artestar e Divulgação)

Nascido no Brooklyn em 1960, filho de pai de origem haitiana e de mãe porto-riquenha, Basquiat demonstrava desde pequeno ser bem acima da média: aos 4 anos já sabia ler e escrever e, aos 6, diante de seu talento ímpar para o desenho, passou a ser membro júnior do Brooklyn Museum.

Aos 16, foi expulso da escola e, na sequência, de casa. Morou nas ruas por alguns meses e depois foi viver de favor com amigos, sustentando-se com a venda de cartões-postais e camisetas customizadas. Passava boa parte do tempo grafitando nas paredes dos prédios e das estações de metrô do SoHo e do Lower East Side, nas quais assinava como SAMO (abreviação de Same Old Shit).

O jornal independente Village Voice, bíblia da cena cool da época, começou a destacar a produção do artista e, aos poucos, Basquiat foi se tornando o queridinho do momento. Em 1979, participou do clipe de “Rapture”, hit do grupo Blondie, e, em 1980, foi convidado pela primeira vez a participar de uma exposição ao lado de Kenny Scharf, Jenny Holzer Kiki Smith.

A partir daí, alcançou o estrelato: começou a vender como água, ganhou as capas das revistas, namorou Madonna, teve um “bromance” com David Bowie e caiu nas graças do pai do pop, Andy Warhol, de quem se tornou amigo inseparável – no campo artístico, assinaram cerca de 150 pinturas juntos.