Jacques Pilon e seus projetos modernistas no centro de São Paulo

Edifício Irradiação

Dando continuidade à nossa série sobre as importantes obras arquitetônicas do centro de São Paulo, o espaço agora é do francês Jacques Pilon.

Contemporâneo de Rino Levi, que já falamos aqui, espalhou o conceito modernista e apostou em formas mais geométricas em suas fachadas. Pilon participou do processo de verticalização da região central da cidade e participou nos projetos de aproximadamente 50 edifícios construídos ali.

O Condomínio Edifício Paissandu, inaugurado em 1938, é um bom exemplo, na qual a geometria e a quase ausência de ornamentos de fachada vai na direção do modernismo. Esses traços foram incentivados pela crescente e acelerada urbanização da cidade de São Paulo, especialmente na região central. Os edifícios Canadá e Ernesto Ramos seguem a mesma linha.

ed paissandu | by Fernando Stankuns

Quem anda pelo centro com certeza já passou pela Biblioteca Mario de Andrade, uma das mais importantes do país. Fundada em 1925 como Biblioteca Municipal de São Paulo, é a maior biblioteca pública da cidade e a segunda maior biblioteca pública do país. Foi inaugurada, em 1926, na Rua 7 de Abril, com uma coleção inicial formada por obras que se encontravam em poder da Câmara Municipal de São Paulo. Em 1937, incorporou a Biblioteca Pública do Estado e, a partir de então, importantes aquisições de livros, muitos deles raros e especiais, enriqueceram seu acervo.

Imagem da Biblioteca Mário de Andrade, construída por Prestes Maia

O crescimento desse acervo e serviços ocasionou a mudança da biblioteca para o atual edifício, localizado na Rua da Consolação. O novo edifício, projetado por Jacques Pilon, é considerado um marco da arquitetura Moderna em São Paulo.

E o que falar do Edifício Guilherme Guinle, localizado na Rua Sete de Abril? Ali, no hall, foi instalado um dos primeiros televisores para assistir as primeiras transmissões da TV Tupi em 1950. Lá foi também o berço do Museu de Arte Moderna (MAM), do Museu de Arte de São Paulo (MASP), da Cinemateca Brasileira, da Escola Superior de Propaganda (futura ESPM) e primeira sede da TV Cultura quando ainda pertencia aos Associados. Hoje várias empresas dividem o espaço nos 7 andares do prédio.

Edifício Guinle | Refúgios Urbanos

Outra obra no centro de Pilon é o edifício São Luiz, na praça da República, projetado em 1944, no estilo neoclássico francês. O edifício tinha até um abrigo anti-aéreo, utilizado posteriormente como garagem por seus moradores.

Hoje o projeto dos anos 40 está tombado e possui 22 apartamentos com áreas de 145 a 245 m². Dentre as celebridades que já viveram no edifício, está o ex-presidente João Goulart.

Outro destaque da mesma década é o edifício Irradiação, construído para ser prédio comercial nas esquinas das ruas Brigadeiro Tobias com (Av.) Senador Queirós. Aliás, não é mais Irradiação, mas sim Jacques Pilon. Justa homenagem.

O prédio passa por revitalização e perderá sua função comercial. Abrigará pequenos apartamentos residenciais de 20 a 41 metros quadrados.

Edifício Irradiação, Arq. Jacques Pilon, 1941-1944. Fotografia atual. Foto Tiago Seneme Franco

Seguindo o conceito de “retroarte”, o projeto irá manter identidade original da construção, cuja fachada foi tombada. Uma ótima iniciativa para manter a história do centro viva.

Nosso gringo mais brasileiro

O escritório de arquitetura de Pilon não teve continuidade devido ao seu falecimento em1962, mas deixou, sobretudo na área central, dezenas de edifícios ainda hoje uso. Além dos que falamos se destacam o Edifício Edlu, 1944, a antiga sede do jornal O Estado de S. Paulo, 1946 e os Edifícios Paulicéia e São Carlos do Pinhal, 1956.

Está passando pelo centro? Que tal observar as obras modernistas do arquiteto francês? É uma boa dica para quem está de passagem pela cidade e não quer gastar muito. Um par de tênis confortáveis e disposição para caminhadas leves é tudo o que você precisa para se maravilhar com a arquitetura histórica da cidade.

Para quem quiser saber mais sobre o arquiteto:

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.137/4095