Edifício Esther recebe a “Loja de Nostalgias” e o universo das antiguidades

Uma proprietária personagem, uma loja-cenário e um tempo que coexiste. Assim, Dolores Nostalgias (@dolores.wrld) convida o público a revisitar o ano 1971 – calendário que coincide com o ano em que vivemos –, e propõe uma viagem no tempo.

A loja apresenta um modelo de negócio Phygital, contração de Physical (físico em inglês) com Digital. Ou seja, o usuário terá a experiência offline e online juntas, a partir de uma outra grande tendência do varejo, o storytelling.

O showroom localizado no Edifício Esther (Praça da República, 32) é um cenário para a produção de conteúdo da loja para suas redes sociais. É a partir das histórias da personagem e proprietária Dolores que os produtos são apresentados ao público. Para visitar o showroom ou mesmo usá-lo para sessões de foto e vídeo é necessário agendar previamente pelo site da loja-cenário. Aos sábados, o espaço abre as portas sem necessidade de agendamento, restringindo a entrada até cinco pessoas por vez.

O centro de São Paulo, sobretudo os arredores da Praça da República, são parte importante do universo imaginário de Dolores. Pois, na narrativa, a personagem começou no ramo das antiguidades no ano de 1968, auge da feira hippie, que já reunia artes, artesanato e antiguidades na Praça da República. O primeiro catálogo da loja foi apresentado ao público por meio de uma fotonovela onde inicia-se a história de Dolores. As locações para as fotos foram todas no entorno da Praça, como o tradicional Salão Phydias e restaurante Churrasqueto, na 24 de Maio, fundos do Theatro Municipal, corredores e saguão do Edifício Esther e Esther Rooftop.

Antiguidades são a tônica do empreendimento

O empreendimento resgata “Loja de Nostalgias” do filme “Meia Noite em Paris” gravado em Paris, por Woody Allen. No filme, Gil é um escritor que está trabalhando em um romance cujo protagonista trabalha em uma “loja de nostalgia”. A expressão não é compreendida pela família de sua noiva, e até vira motivo de chacota entre eles. No entanto Gil é encorajado por Hemingway a seguir com sua ideia. Quase dez anos depois, a expressão é resgatada ganhando outros contornos. A nostalgia tem se tornado cada vez mais presente no comportamento social e já se mostrava ser uma forte tendência antes mesmo da pandemia.

RooftopEsther recebe a Loja de Nostalgias

Edifício Esther e suas vanguardas

O primeiro edifício moderno da cidade traz consigo uma história de vanguardas. Nele moraram Di Cavalcanti e o lendário jornalista e cronista social Marcelino de Carvalho. O arquiteto modernista Rino Levi também teve lá seu escritório. Nos anos 50, a efervescente boate Oásis, localizada no subsolo, aglutinava intelectuais. O jornalista Assis Chateaubriand era um dos frequentadores assíduos. Foi em reuniões no subsolo do Esther que idealizaram o Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Maurício Coutinho / jornalista / produtor cultural